segunda-feira, 22 de outubro de 2012


   A literatura contemporânea brasileira, devido o seu contexto histórico político, foi um período marcado principalmente pela insegurança, desesperança e desestabilidade.
   Essa literatura tem a sua importância centrada na capacidade de ser universal. Cada uma das obras contemporâneas conseguiam representar para a nossa literatura, uma importância com o ser diante de sua realidade, e teve uma grande influencia critica em um período de golpe militar e censura (anos 60 ).
   A prosa contemporânea tem como o principal de seus temas, a vida urbana, ligada a violência, situações-limite na vida social, luta de classes e assim como na poesia em um período pós-moderno, caracteriza-se por uma pluralidade de tendências e estilos. Entre essas tendências estão o ultrarrealismo, romance histórico, realismo fantástico, regionalismo, correntes imigratórias, entre outros, bem como grandes autores e obras desse período como Lygia Fagundes Telles (As Meninas), Dalton Trevisan (Novelas nada exemplares), Rubem Fonseca (O Cobrador), João Ubaldo Ribeiro(O Sorriso do Lagarto) e Carlos Heitor Cony (Quase Memória).

Regionalismo


   O Regionalismo na literatura Brasileira, tem uma tradição de quase 150 anos.
   Se iniciou com as Obras de José de Alencar e Bernardo Guimarães em meados do século 19, em 1930. O Regionalismo tem como significado, algo que é focado em uma determinada região do Brasil, assim suas obras, relatando particularidades lingüísticas, decorrente da sua cultura.
   Tem como um dos principais autores do regionalismo, o João Ubaldo Ribeiro. 

Correntes Imigratórias


   Nessa época, o marco das Obras, tem sido o relaro sobre tradições, conflitos, e experiências de imigrantes. Alguns autores relatavam sobre esse assunto apenas para empreender projetos de grande envergadura, nas quais existis alguns pontos que entram em contato com outras tendências da Prosa Brasileira.
   Lavoura Arcaica – (1975), Um copo de cólera – (1978) são livros nas quais relatam a vida dos imigrantes, cada um com suas características, na qual o primeiro mesclava o lírico e o clássico apresentando uma linguagem refinada e sedutora, e o segundo narra uma linguagem tensa e contundente, aonde ambas tinha como Autor – Radun Nassar.
   Assim esse tema ainda teve grandes nomes , como Milton Hatoum que estreiou em 1989 com o romance Relato de um certo Oriente, entre outras obras.

Trilhas do realismo


   No realismo os Autores procuravam relatar, fielmente a realidade e a objetividade. Além de retratar a realidade, o autor buscava compreende – lá.
   Lygia Fagundes Telles, Dalton Trevisan e Carlos Heitor Cony, adotarem essa tese, e começaram a construírem suas obras, com o realismo entrelaçados com o modo em que cada um escrevia.
   Com o tempo, O realismo foi se fortificando, e crescendo na literatura na qual muitos autores começaram a adota-lo como o escritor Cristóvão Tezza, que estreou na literatura em 1979 com o livro Gran Circo das Américas, desde então publicou vários outros livros. 

Estilhaços da narrativa


   Nasceu em uma época na qual os autores começavam a questionar o narrar e suas normas, na qual se empenham na desconstrução da narrativa tradicional , na qual mudava um pouco o estilo convencional, utilizavam da colagem, da montagem e até da ilustração.
   Os Autores que mais se destacaram nessa época foram: João Gilberto Noll, Chico Buarque de Hollanda e Bernardo Carvalho. João Gilberto Noll, surgiu com suas obras em 1980, com uma reunião de contos '' O cego e a bailarina'' . logo após públicou A fúria do corpo - 1981, bandoleiros - 1985 entre outras obras.
   Umas obras tinham como características, os personagens como seres errantes, perdidos em um mundo no qual não entendiam seus absurdos, tinham como tema o Debate entre condições humanas e convenções sociais.
    Ainda via na vida familiar, uma forma de um carcere em que o Humano se envolvia, comparava o casamento e a constituição de uma família como se fosse uma prisão. Seus personagens se refugiavam em uma sexualidade violenta.
   Chico Buarque, surgiu com sua obra '' Roda Viva'' em 1968, aonde depois publicou várias outras obras. Em uma obra de Grande importância '' Estorvo'' o personagem principal após visualizar, um homem pelo olho mágico de seu apartamento começa a transitar, para um mundo imaginário, onde entra em desespero com situações e problemas familiares. No Romance ''Benjamim'' um ex-fotográfo que se encontra numa situação problema na qual estava prestes a ser fuzilado, ve sua vida passar diante de seus olhos. Essa Obra também é um grande Romance de Chico Buarque.
   Bernardo Carvalho, ja mostrava interesse por um outro tipo de tema, como mostra em ''nove noites'' e em ''Magnólio'' (2002) - (2003) aonde ambos apostavam na decifração de enigmas e na ficção. Depois disso publicou várias outras obras tais como - O sol se põe em São Paulo (2007) entre outros. 

Romance Histórico


   Documenta os grandes centros urbanos com seus problemas específicos : a burguesia e o proletariado em constante luta pela ascensão social, luta de classes, violência urbana, solidão, angústia e marginalização.
    O romance histórico, que consegue fundir narrativa policial, fatos políticos e abordagem histórica tem grandes representantes como a obra "Agosto" de Rubem Fonseca, que retrata os acontecimento políticos que levaram Getúlio Vargas ao suicídio; "Boca do Inferno" de Ana Miranda que retrata a Bahia do século XVII e os envolvimentos políticos e amorosos de Gregório de Matos; Fernando Morais seguindo esta linha escreve "Olga", a história da esposa de Luís Carlos Prestes, entregue aos alemães nazistas pelo governo de Getúlio.

Realismo Fantástico


     A principal particularidade desta corrente literária é fundir o universo mágico à realidade, mostrando elementos irreais ou estranhos como algo habitual e corriqueiro. Além desta característica, o realismo mágico apresenta os elementos mágicos de forma intuitiva (sem explicação).
   No Realismo Fantástico e no Surrealismo alguns escritores constroem metáforas que representam a situação do Brasil utilizando situações absurdas e assustadoras.
   O realismo surge como uma forma de reação aos processos ditatoriais os quais o país passava, utilizando o elemento mágico como reforço das palavras contrárias aos regimes dos ditadores. Outro aspecto que influenciou o realismo mágico foi a discrepância entre cultura da tecnologia e cultura da superstição que havia na América Latina naquela época (décadas de 60 e 70).
   Um bom exemplo para um melhor entendimento do realismo mágico é o romance “Cem Anos de Solidão”, do colombiano Gabriel García Márquez.

Ultrarrealismo: Rubem Fonseca


  Os vários recursos utilizados por Rubem Fonseca, permitiram relacionar sua obra à proposta do hiperrealismo, entendido como uma tentativa de criar, através da linguagem, um simulacro tão perfeito da realidade, que torna necessário o agenciamento de técnicas muito exageradas, provocando um efeito de desnudamento do caráter de construção da obra.
São freqüentes, no discurso de Rubem Fonseca, as narrações em primeira pessoa, em que o personagem recorda algo perdido. A Inflação da primeira pessoa, na literatura contemporânea, ilustra o vazio de valores vigente, desde a modernidade, com distintas modalidades de exibicionismos: com ou sem auto-ironia. No caso de Rubem Fonseca, a vocação experimental , revelada desde seus primeiros relatos, continua lúdica e afiada.
A estreita relação que a literatura brasileira contemporânea tem mantido com a vida urbana vem configurando uma recorrente perplexidade diante da experiência histórica, ficcionalizada como absurda e inverossímil. Para além da crueldade da convivência nas metrópoles ocupadas pelo presente perpétuo das imagens e pelo cortejo dos males da desigualdade social, o real transparece como trauma. As principais obras desse autor são: O Cobrador; O Caso Morel ; A Coleira do cão; Lúcia McCartney.
Desde o aparecimento de Cidade de Deus, de Paulo Lins, sucedido por muitas outras narrativas da marginalidade e da exclusão – como “Estação Carandiru”, de Drauzio Varela, o “Memórias de um sobrevivente”, de Luiz Alberto Mendes ou ainda “Capão Pecado”, de Ferréz – que o esforço testemunhal dos narradores, diante da desumana inserção social vivenciada, patenteia-se na linguagem fluida, comunicável, de forte compleição jornalística, na obsessão etnográfica com a contextualização da cena e dos caracteres, bem como na enfática objetivação da violência, em precisos recortes de extremos da torpeza humana.

Trecho do filme Cidade de Deus de Paulo Lins. Site americano elegeu o filme brasileiro como o que tem o momento mais pesado do cinema.





Capao Pecado- Ferréz



Capao Pecado- Ferréz
Capão Pecado é uma prosa cujo enredo destina-se a contar a trajetória de Rael, jovem morador da zona sul paulista, mais especificamente a hiperperiferia Capão Redondo. A obra parece ter objetivos ambiciosos: não só exibir as fraturas sociais, a pobreza, a violência e o descaso público com relação a esse pouco conhecido endereço, como, de uma forma mais subterrânea, mas nem por isso menos contundente, utilizar a literatura e o seu antigo formato, o livro, como uma estratégia de aglutinar discursos capazes de suspenderem os cristalizados juízos estéticos do leitor.
 

Lygia Fagundes Telles

   Lygia Fagundes Telles, (São Paulo, 19 de abril de 1923) é uma escritora brasileira, galardoada com o Prêmio Camões em 2005.
Foi a quarta filha do casal Durval de Azevedo Fagundes e Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, tendo nascido na Rua Barão do Bananal, na capital paulista.
Em 1938, Lygia publicou o seu primeiro livro de contos, Porão e sobrado com a ajuda de seu pai, assinando como Lygia Fagundes.
Em 1941 iniciou o curso de Direito e começou a participar ativamente nos debates literários, onde conheceria Mário e Oswald de Andrade, Paulo Emílio Salles Gomes, entre outros nomes da cena literária brasileira. Fez, então, parte da Academia de Letras da Faculdade e escreveu para os jornais Arcádia e A Balança.
Em 1944 publicou o livro de sucesso Praia Viva.
Em 1952, escreveu o seu primeiro romance, Ciranda de Pedra, do qual se faria mais tarde uma telenovela, e muito mais tarde um remake, todos com grande sucesso, que é editado no ano seguinte, já depois da morte da sua mãe, que faleceu em 1953.
Em 1960, por problemas de brigas e ciúmes conjugais, separou-se de Goffredo, porém não oficialmente, e, no ano seguinte, começou a trabalhar como procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo. Em 1962 começou a namorar de novo e junto com o filho foi morar com Paulo Emílio Salles Gomes, mesmo casada no papel com outro, o que foi um escândalo para a sociedade. Com ele viveu muito feliz por mais de 10 anos. Nesse meio tempo, o Brasil enfrentava dificuldades e foi inspirada nesse contexto político brasileiro que escreveu o livro As Meninas.
Em parceria com Paulo Emílio, fez uma adaptação para o cinema do romance de Machado de Assis, Dom Casmurro, para o cineasta Paulo César Sarraceni - adaptação que adotaria a alcunha da personagem principal: "Capitu".
A 13 de Maio de 2005 recebe o Prêmio Camões.

Principais Obras

As meninas
As horas nuas
Ciranda de pedra

Dalton Trevisan

   Nascido em 1925 numa Curitiba imortalizada por ele em inúmeras de suas histórias traduzidas para diversos países e adaptadas para o cinema e a televisão não só do Brasil como do exterior, Dalton Trevisan tornou os textos de seus livros cada vez mais curtos, tendo escrito contos exemplares de apenas uma linha nos quais aborda as tragicomédias do mundo pequeno-burguês. Nada há, entretanto, de frio esteticismo laboratorial e asséptico nesse minimalista que sonhou fazer do conto haicai. Privilegiando, como já foi observado, o "intenso sobre o extenso", seu realismo conciso expõe as feridas e entranhas da vida de forma cruel, mergulhando sem pudores nas misérias da alma humana.             Seus personagens se compõem pelas ruínas do afeto e da moralidade. Com ouvidos bem abertos aos diálogos escutados em qualquer bar ou esquina de rua, esse mestre do momentâneo lancinante explora como poucos a perversidade dos desejos humanos, fazendo seus leitores observarem o latente que pulsa nas frases mais cotidianas, por detrás das quais se expõem as vidas anônimas de qualquer cidade contemporânea. 
   É conhecido como o vampiro de Curitiba " — Não vou responder às perguntas simplesmente porque não posso, é verdade; sou arredio, ai de mim!  Incurávelmente tímido (um pouco menos com as loiras oxigenadas!)." Já se escreveu e se comprovou que os demais vampiros não podem encarar, sem pânico, um crucifixo. Ou réstias de alho, água corrente cristalina... Dalton não pode ver um jornalista. Vendo, foge, literalmente foge, apavorado. Suas raras fotos surgidas na imprensa foram feitas às escondidas.

   Principais Obras

Meu querido assassino
Cemitério de elefantes
Novelas nada exemplares
O vampiro de Curitiba

João Ubaldo Ribeiro


   O escritor, jornalista, roteirista e professor João Ubaldo Ribeiro  nasceu na cidade de Itaparica, na Bahia.
João Ubaldo procurou no romance propriamente regionalista o ponto de apoio para construir sua ficção. Desse momento datam os romances Vila Real, mais politicamente engajado, e Sargento Getúlio. Porém, com o tempo, foi a parcela itaparicana de sua obra que deixou marcas mais profundas na lembrança de seus leitores.
   A faceta da obra de João Ubaldo que mais se conhece, e que faz par com a imagem unifacetada que geralmente se tem dele, está ligada a um universo pitoresco, caricato, de deboche. Tal característica faz de seus livros autênticos herdeiros, se não os únicos, de um dos elementos essenciais do Modernismo, o eixo propriamente dito do herói modernista, Macunaíma, qual seja, a capacidade de rir de si mesmo. Esse diferencial, que já sugeriu o título de Viva o povo brasileiro, é a única coisa, além de jogar futebol, que o nosso povo faz disparado melhor que todos os outros. É a inspiradora dos poucos momentos nos quais nos sentimos superpotência. Mas rir de si mesmo, ao contrário do que se pode imaginar, não é um dom estéril, improdutivo. Ele dá ao brasileiro a capacidade de conviver com o diferente, de fazer o compromisso através do humor, enfim, de ter “um amigo judeu e um umbandista”, como diz João Ubaldo. “Eu penso como Darcy Ribeiro, acho que somos uma bem-sucedida e singular experiência de raças” – continua ele, em seguida alertando: “Mas queremos jogar isso fora”. O alerta faz sentido, afinal, quem, nos dias de hoje, quer ficar rindo? De si mesmo, então, pior ainda. Hoje o que se busca é uma imagem de eficiência a todo o custo, não há muitas brechas para a autocrítica.
   Índios bebedores de cachaça, autoridades corruptas, feiticeiras, poderosos idealistas, poderosos corruptos, quilombos subvertidos em reinos tirânicos e escravocratas, impotência masculina, caprichos femininos, sexualidades patéticas, e tudo isso com tintas fortes, sem economizar nas adjetivações, nas ironias pseudomoralizantes, com a língua em festa, pródiga, escandalosa, rindo de tudo e de si mesma. É assim o livro de João Ubaldo Ribeiro.
   A precisão de suas caracterizações de personagens e descrições de cenários é atingida fazendo uso da amplificação e do estilo rebuscado, caudaloso. Viva o excesso, a generosidade! “É a minha prosa, a prosa que eu aprendi com Padre António Vieira, Manoel Bernardes. Gosto da língua portuguesa nessa forma”.As primeiras páginas do novo romance são, de fato, a antítese de noventa por cento da prosa que se faz atualmente. É um cenário tropical, de sonho, luxuriante, descrito de forma requintada, barroca, rococó. Frases longas, orações intercaladas, volteios e mais volteios, figuras demoníacas, as forças positivas e negativas da natureza, o bem e o mal, o mistério. Depois, os personagens aparecem e vêm confirmar o anti-realismo, o fundo mítico, arquetípico, de cada elemento do romance.
Principais obras
O Sorriso do Lagarto
O diário do farol 
A Casa dos Budas Ditosos

Carlos H. Cony


   Carlos Heitor Cony nasceu em 1926. Recebeu o Prêmio Jabuti duas vezes, por seus romances Quase memória e A casa do poeta trágico, em 1996 e em 1998, respectivamente, ambos também considerados pela Câmara Brasileira do Livro como “O melhor livro do ano”, nas datas de suas premiações. Alguns escritores passam por longos e angustiantes períodos de silêncio que servem, entretanto, para a maturação da obra que virá a seguir. Foi assim com Rilke e Valéry. Depois de 23 anos sem publicar, um dos jornalistas, cronistas e romancistas mais respeitados do país retornou aos livros, arrebatando atenções e diversos prêmios literários com uma "quase memória", ou seja, uma narrativa que, apesar de memorialística, não se quer apenas como testemunha do passado. O destino universal do ser humano, abordado através da vida da classe média urbana em um momento de desvalorização de todos os valores, é a preocupação fundamental de Carlos Heitor Cony. 
Como atualmente nenhuma aventura se faz possível, a matéria romanesca se esvazia, restando uma visão desconsolada, pessimista, meio machadiana, meio à Dostoiévski, mas repleta de forte pulsão lírica e com uma ironia e um humor que levam o leitor a momentos de raro prazer, mesmo quando o tema abordado é a hipocrisia, a deterioração espiritual, a insensibilidade, a desintegração familiar ou a imoralidade.
Principais Obras


A casa do poeta trágico
  Quase memória
O irmão que tu me deste