Os
vários recursos utilizados por Rubem Fonseca, permitiram relacionar sua obra à
proposta do hiperrealismo, entendido como uma tentativa de criar, através da
linguagem, um simulacro tão perfeito da realidade, que torna necessário o
agenciamento de técnicas muito exageradas, provocando um efeito de desnudamento
do caráter de construção da obra.
São freqüentes, no discurso de Rubem Fonseca, as narrações em
primeira pessoa, em que o personagem recorda algo perdido. A Inflação da
primeira pessoa, na literatura contemporânea, ilustra o vazio de valores
vigente, desde a modernidade, com distintas modalidades de exibicionismos: com
ou sem auto-ironia. No caso de Rubem Fonseca, a vocação experimental , revelada
desde seus primeiros relatos, continua lúdica e afiada.
A estreita relação que a
literatura brasileira contemporânea tem mantido com a vida urbana vem
configurando uma recorrente perplexidade diante da experiência histórica,
ficcionalizada como absurda e inverossímil. Para além da crueldade da
convivência nas metrópoles ocupadas pelo presente perpétuo das imagens e pelo
cortejo dos males da desigualdade social, o real transparece como trauma. As
principais obras desse autor são: O Cobrador; O
Caso Morel ; A Coleira do cão; Lúcia McCartney.
Desde o
aparecimento de Cidade de Deus, de Paulo Lins, sucedido por muitas outras
narrativas da marginalidade e da exclusão – como “Estação Carandiru”, de
Drauzio Varela, o “Memórias de um sobrevivente”, de Luiz Alberto Mendes ou
ainda “Capão Pecado”, de Ferréz – que o esforço testemunhal dos narradores,
diante da desumana inserção social vivenciada, patenteia-se na linguagem fluida, comunicável, de forte
compleição jornalística, na obsessão etnográfica com a contextualização da cena
e dos caracteres, bem como na enfática objetivação da violência, em
precisos recortes de extremos da torpeza humana.
Trecho do filme Cidade de Deus
de Paulo Lins. Site americano elegeu o filme brasileiro como o que tem o
momento mais pesado do cinema.
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