segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ultrarrealismo: Rubem Fonseca


  Os vários recursos utilizados por Rubem Fonseca, permitiram relacionar sua obra à proposta do hiperrealismo, entendido como uma tentativa de criar, através da linguagem, um simulacro tão perfeito da realidade, que torna necessário o agenciamento de técnicas muito exageradas, provocando um efeito de desnudamento do caráter de construção da obra.
São freqüentes, no discurso de Rubem Fonseca, as narrações em primeira pessoa, em que o personagem recorda algo perdido. A Inflação da primeira pessoa, na literatura contemporânea, ilustra o vazio de valores vigente, desde a modernidade, com distintas modalidades de exibicionismos: com ou sem auto-ironia. No caso de Rubem Fonseca, a vocação experimental , revelada desde seus primeiros relatos, continua lúdica e afiada.
A estreita relação que a literatura brasileira contemporânea tem mantido com a vida urbana vem configurando uma recorrente perplexidade diante da experiência histórica, ficcionalizada como absurda e inverossímil. Para além da crueldade da convivência nas metrópoles ocupadas pelo presente perpétuo das imagens e pelo cortejo dos males da desigualdade social, o real transparece como trauma. As principais obras desse autor são: O Cobrador; O Caso Morel ; A Coleira do cão; Lúcia McCartney.
Desde o aparecimento de Cidade de Deus, de Paulo Lins, sucedido por muitas outras narrativas da marginalidade e da exclusão – como “Estação Carandiru”, de Drauzio Varela, o “Memórias de um sobrevivente”, de Luiz Alberto Mendes ou ainda “Capão Pecado”, de Ferréz – que o esforço testemunhal dos narradores, diante da desumana inserção social vivenciada, patenteia-se na linguagem fluida, comunicável, de forte compleição jornalística, na obsessão etnográfica com a contextualização da cena e dos caracteres, bem como na enfática objetivação da violência, em precisos recortes de extremos da torpeza humana.

Trecho do filme Cidade de Deus de Paulo Lins. Site americano elegeu o filme brasileiro como o que tem o momento mais pesado do cinema.





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