segunda-feira, 22 de outubro de 2012

João Ubaldo Ribeiro


   O escritor, jornalista, roteirista e professor João Ubaldo Ribeiro  nasceu na cidade de Itaparica, na Bahia.
João Ubaldo procurou no romance propriamente regionalista o ponto de apoio para construir sua ficção. Desse momento datam os romances Vila Real, mais politicamente engajado, e Sargento Getúlio. Porém, com o tempo, foi a parcela itaparicana de sua obra que deixou marcas mais profundas na lembrança de seus leitores.
   A faceta da obra de João Ubaldo que mais se conhece, e que faz par com a imagem unifacetada que geralmente se tem dele, está ligada a um universo pitoresco, caricato, de deboche. Tal característica faz de seus livros autênticos herdeiros, se não os únicos, de um dos elementos essenciais do Modernismo, o eixo propriamente dito do herói modernista, Macunaíma, qual seja, a capacidade de rir de si mesmo. Esse diferencial, que já sugeriu o título de Viva o povo brasileiro, é a única coisa, além de jogar futebol, que o nosso povo faz disparado melhor que todos os outros. É a inspiradora dos poucos momentos nos quais nos sentimos superpotência. Mas rir de si mesmo, ao contrário do que se pode imaginar, não é um dom estéril, improdutivo. Ele dá ao brasileiro a capacidade de conviver com o diferente, de fazer o compromisso através do humor, enfim, de ter “um amigo judeu e um umbandista”, como diz João Ubaldo. “Eu penso como Darcy Ribeiro, acho que somos uma bem-sucedida e singular experiência de raças” – continua ele, em seguida alertando: “Mas queremos jogar isso fora”. O alerta faz sentido, afinal, quem, nos dias de hoje, quer ficar rindo? De si mesmo, então, pior ainda. Hoje o que se busca é uma imagem de eficiência a todo o custo, não há muitas brechas para a autocrítica.
   Índios bebedores de cachaça, autoridades corruptas, feiticeiras, poderosos idealistas, poderosos corruptos, quilombos subvertidos em reinos tirânicos e escravocratas, impotência masculina, caprichos femininos, sexualidades patéticas, e tudo isso com tintas fortes, sem economizar nas adjetivações, nas ironias pseudomoralizantes, com a língua em festa, pródiga, escandalosa, rindo de tudo e de si mesma. É assim o livro de João Ubaldo Ribeiro.
   A precisão de suas caracterizações de personagens e descrições de cenários é atingida fazendo uso da amplificação e do estilo rebuscado, caudaloso. Viva o excesso, a generosidade! “É a minha prosa, a prosa que eu aprendi com Padre António Vieira, Manoel Bernardes. Gosto da língua portuguesa nessa forma”.As primeiras páginas do novo romance são, de fato, a antítese de noventa por cento da prosa que se faz atualmente. É um cenário tropical, de sonho, luxuriante, descrito de forma requintada, barroca, rococó. Frases longas, orações intercaladas, volteios e mais volteios, figuras demoníacas, as forças positivas e negativas da natureza, o bem e o mal, o mistério. Depois, os personagens aparecem e vêm confirmar o anti-realismo, o fundo mítico, arquetípico, de cada elemento do romance.
Principais obras
O Sorriso do Lagarto
O diário do farol 
A Casa dos Budas Ditosos

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